terça-feira, 14 de junho de 2011

Os "Pais" da SOCIOLOGIA: GEORG SIMMEL (n. 01 Mar.1858; m. 28 Set.1918)



Georg Simmel, nasceu em 01 de Março de 1858, em Berlim. Foi um sociólogo alemão. Professor universitário admirado pelos seus alunos, sempre teve dificuldade em encontrar um lugar no seio da rígida academia do seu tempo.
Filho de Edward Simmel e Flora Bodstein, Georg Simmel foi o último dos sete filhos do casal com ascendência judia tanto pelo lado do pai como da mãe.
Em 1874 Edward Simmel morre e Julius Friedländer, amigo da família, torna-se tutor de Georg tendo-lhe, mais tarde, deixado uma herança expressiva a qual lhe permitiu seguir a vida académica.
Diplomou-se na Universidade de Berlim passando pelos cursos de filosofia. Sua tese de doutorado, também em filosofia, levou o título de A natureza da matéria segundo a monadologia física de Kant e rendeu-lhe o título no ano de 1881.
Em 1885 foi designado como Privatdozent na mesma Universidade de Berlim e ganhava apenas o que vinha das taxas pagas pelos estudantes que se inscreviam em seus cursos. Em 1901, tornou-se ainda "professor extraordinário", mas jamais foi incorporado de modo formal e definitivo na academia berlinense.
Em 1890 casou-se com Gertrud Kinel, diplomada também em Berlim, de família católica. Os dois não tiveram filhos.
Em 1912, ele foi nomeado professor em Estrasburgo, então uma cidade que pertencia ao Império Germânico. No entanto, o autor faleceu em 1917, aos 60 anos de idade.
Muito antes do grande tratado sociológico de Max Weber – Economia e Sociedade –, a Alemanha já conhecia o desenvolvimento consistente de uma discussão epistemológica voltada para a determinação do objecto, métodos e temas da ciência sociológica: reunindo diversos escritos produzidos em momentos anteriores, Georg Simmel apresentou sua "Soziologie" em 10 capítulos (e diversos outros excursos) no ano de 1908 e contribuiu decisivamente para a consolidação desta ciência na Alemanha.
Nesta obra, ele trata especificamente da sociologia (Capítulo 01 - O problema da sociologia) e aprofunda a análise das formas de sociação (objecto da sociologia), como a dominação (capítulo 03), o conflito (capítulo 04), o segredo (capítulo 05), os círculos sociais (capítulo 06) e a pobreza (capítulo 07). Ao mesmo tempo, reflecte sobre os determinantes quantitativos da vida social (capítulo 02), bem como sobre a relação entre a vida grupal e a individualidade (capítulo 10).
Simmel desenvolveu a sociologia formal, ou das formas sociais, influenciado pela filosofia kantiana (o neo-kantismo era uma corrente muito forte na Alemanha da época) que distinguia a forma do conteúdo dos objectos de estudo do conhecimento humano. Tal distinção pretendia tornar possível o entendimento da vida social já que no processo de sociação (Vergesellschaftung, termo que cunhou para o estudo da sociologia) o invariante eram as formas em que os indivíduos se agregavam e não os indivíduos em si.
Os processos qualitativos, no entanto, que assumiam tais formas também deveriam ser estudados pela sociologia geral, subproduto da formal, como a concebia Simmel. O autor não conferia aos grupos sociais unidades hipostasiadas, super-valorizadas com relação ao indivíduo (um distanciamento seu com relação a Durkheim, por exemplo). Antes via neste o fundamento dos grupos, daí que as formas para Simmel constituem-se em um processo de interacção entre tais indivíduos, seja por aproximação, seja pelo distanciamento, competição, subordinação, etc.
As principais formas de sociação estudadas por Simmel em sua obra são:

  • A determinação quantitativa do grupo: investigação entre o número de indivíduos no seio das formas de vida colectiva, ou seja, o modo como o aspecto quantitativo afecta o tipo de relação social existente. Neste tópico, Simmel mostrou que estar isolado, em numa relação exclusiva entre duas pessoas e, por fim, entre três, produz diferentes tipos de interacção entre as pessoas.
  • Dominação e subordinação: as relações de poder não são unilaterais e é preciso explicar como as formas de comando e obediência estão relacionadas. Dentre os tipos de relação de poder, Simmel destacou a obediência do grupo a um indivíduo, a dominação do grupo ou a dominação de regras impessoais.
  • O conflito: os indivíduos vivem em relações de cooperação, mas também de oposição, portanto, os conflitos são parte mesma da constituição da sociedade. Seriam momentos de crise, um intervalo entre dois momentos de harmonia, vistos, portanto, numa função positiva de superação das divergências. Influenciou assim as concepções do conflito presentes na obra de Lewys Coser e Ralf Dahrendorf.
  • Pobreza: constitui um tipo de relação na qual o indivíduo acha-se na dependência de outros, provocando, ao mesmo tempo, a necessidade de assegurar o socorro social.
  • A individualidade: ela pode ser de dois tipos. Sua forma quantitativa significa que todo indivíduo possui a mesma dignidade formal, ou seja, são iguais entre si. Mas, do ponto de vista qualitativo, todos procuram afirmar sua singularidade, sua personalidade, diferenciando-se dos demais.
Assim, apesar do seu carácter fragmentado, o livro "Sociologia" apresentou lançou as bases da orientação hermenêutica de sociologia (depois retomada e aprofundada por Max Weber), bem como explorou importantes temáticas da análise sociológica, como a questão do indivíduo e dos grupos sociais. Muitos entendem que sua abordagem foi vital para o desenvolvimento do que ficou conhecido como microssociologia, uma análise dos fenómenos no nível das interacções directas entre as pessoas.
Morreu a 28 de Setembro de 1918, em Estrasburgo.

Sem comentários:

Enviar um comentário