sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Às Voltas com a Memória: SOPHIA DE MELLO BREYNER (n. 06 Nov. 1919; m. 02 Jul. 2004)



Sophia de Mello Breyner, nasceu no Porto, a 6 de Novembro de 1919, tem origem dinamarquesa pelo lado paterno. O seu bisavô, Jan Heinrich Andresen, desembarcou um dia no Porto e nunca mais abandonou esta região, tendo o seu filho João Henrique comprado, em 1895, a Quinta do Campo Alegre, hoje Jardim Botânico do Porto. Como afirmou em entrevista, em 1993, essa quinta "foi um território fabuloso com uma grande e rica família servida por uma criadagem numerosa". Pelo seu lado materno, é prima afastada de Nicolau Breyner.
Frequenta o Colégio do Sagrado Coração de Maria, no Porto, até aos dezassete anos, primeiro como semi-interna, depois como externa. Tem professores marcantes e apesar da pouca estima pela Matemática e Química, nunca chumbou. Aos doze anos escreve os primeiros poemas e entre os dezasseis e os vinte e três anos tem uma fase excepcionalmente fértil na sua produção poética.
Criada na velha aristocracia portuense, educada nos valores tradicionais da moral cristã, foi dirigente de movimentos universitários católicos quando frequentava Filologia Clássica na Universidade de Lisboa (1936-39). Colaborou na revista “Cadernos de Poesia”, onde fez amizades com autores influentes e reconhecidos: Rui Cinatti e Jorge de Sena. Veio a tornar-se uma das figuras mais representativas de uma atitude política liberal, apoiando o movimento monárquico e denunciando o regime salazarista e os seus seguidores. Ficou célebre como canção de intervenção dos Católicos Progressistas a sua "Cantata da Paz", também conhecida e chamada pelo seu refrão: "Vemos, Ouvimos e Lemos. Não podemos ignorar!"
Estuda Filologia Clássica, na Faculdade de Letras de Lisboa, mas não leva a licenciatura até ao fim, pois três anos depois regressa ao Porto.
Casou-se, em 1946, com o jornalista, político e advogado Francisco Sousa Tavares e foi mãe de cinco filhos: uma professora universitária de Letras, um jornalista e escritor de renome (Miguel Sousa Tavares), um pintor e ceramista e mais uma filha que é terapeuta ocupacional e herdou o nome da mãe. Os filhos motivaram-na a escrever contos infantis.
Em 1964 recebeu o Grande Prémio de Poesia pela Sociedade Portuguesa de Escritores pelo seu livro Livro sexto. Já depois do Revolução dos Cravos (25 de Abril), foi eleita para a Assembleia Constituinte, em 1975, pelo círculo do Porto numa lista do Partido Socialista, enquanto o seu marido navegava rumo ao Partido Social Democrata.
Distinguiu-se também como contista (Contos Exemplares) e autora de livros infantis (A Menina do Mar, O Cavaleiro da Dinamarca, A Floresta, O Rapaz de Bronze, A Fada Oriana, etc.). Foi também tradutora de Dante Alighieri e de Shakespeare e membro da Academia das Ciências de Lisboa. Para além do Prémio Camões, foi também distinguida com o Prémio Rainha Sofia, em 2003.
Sophia de Melo Breyner faleceu, aos 84 anos, no dia 2 de Julho de 2004 no Hospital da Cruz Vermelha.
Desde 2005, no Oceanário de Lisboa, os seus poemas com ligação forte ao Mar foram colocados para leitura permanente nas zonas de descanso da exposição, permitindo aos visitantes absorverem a força da sua escrita enquanto estão imersos numa visão de fundo do mar.

Obra

1944  Poesia
1947  O Dia do Mar
1950  Coral
1954  No Tempo Dividido
1956  O Rapaz de Bronze
1958  Mar Novo
1958  A Menina do Mar
1958  A Fada Oriana
1958  Ensaio sobre Cecília Meireles na «Cidade Nova»
1960  Noite de Natal
1960  Ensaio Poesia e Realidade
1961  O Cristo Cigano
1962  Livro Sexto
1962  Contos Exemplares
1964  O Cavaleiro da Dinamarca
1967  Geografia
1968  A Floresta
1968  Antologia
1970  Grades
1972  Dual
1975  O Nu na Antiguidade Clássica
1977  O Nome das Coisas
1983  Navegações
1984  Histórias da Terra e do Mar
1985  Árvore
1989  Ilhas
1990  Obra Poética (Toda a sua obra em 3 Volumes)
1994  Musa
1994  Signo
1997  Era Uma Vez uma Praia Lusitana
1998  O Búzio de Cós

Prémios

Grande Prémio de Poesia da Sociedade Portuguesa de Escritores
Prémio Teixeira de Pascoães
Prémio da Crítica do Centro Português da Associação de Críticos Literários
Prémio D. Dinis, da Fundação Casa de Mateus e Inasset-INAPA
Grande Prémio de Poesia Pen Clube
Grande Prémio Calouste Gulbenkian de Literatura para Crianças
Prémio Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores
Placa de Honra do Prémio Petrarca, atribuído em Itália
Prémio Fundação Luís Miguel Nava
Prémio Camões
Prémio Rosália de Castro, do Pen Club Galego
Prémio Max Jacob Étranger
Prémio Rainha Sofia de Poesia Iberoamericana


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